A Editora Casa Verde preparou uma surpresa nessa Feira do Livro de Porto Alegre. Uma coleção bacana chamada POEMITOS, porque mistura poesia e mitos. O livro que faço parte é sobre Vênus e Cupido. Numa ideia interessante o livro tem duas caras, dois lados, duas ideias que se completam. Vênus é mãe de Cupido. Vênus está de um lado e Cupido de outro.
E além de tudo é minha estreia com poemas. E muitos outros ficaram de fora. Pra não deixar ninguém triste resolvi colocar aqui um pouquinho do que ficou de fora, mas faz parte da mesma história.
Vênus, assustada
Com a falta de jeito do filho,
Resolveu encontrar namorada
Pra alegrar o Cupido
Saíram os dois a dar flechadas
De qualquer jeito, pelo ar
Até que alguma pegasse
Um desavisado qualquer
E foi numa flechada dessas,
desordenada,
que a flecha, caiu do céu
acompanhada.
Encontrou no caminho uma pomba
linda como a nuvem, triste como a noite.
O Cupido ficou admirado
com as asas iguais as suas.
Achou boa a idéia de viver junto dela.
E saiu pelo céu com seu amor alado.
A mãe Vênus chorou, emocionada,
E suas lágrimas pingadas
Fizeram um caminho de luz
A pomba e o cupido seguiram
De asa em asa
De par em par
No céu iluminado.
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Acontece que esse amor
Não era assim verdadeiro
Era coisa de ocasião
Cupido cansou da pomba
Suas asas já não preenchiam o seu céu
Vênus, vendo o menino vagando,
Resolveu ocupar seu tempo
Dando ordem e mandando:
— Encontre o homem mais feio, o susto de toda a terra e faça com que essa donzela se apaixone e tenha com ele um herdeiro.
Vênus mostrou a imagem de uma moça linda mesmo
Cupido não entendeu a maldade da sua mãe.
—Maldade coisa nenhuma. Essa moça precisa descobrir que a aparência não é assim tão importante. O que vale a pena mesmo é descobrir a beleza de dentro.
O Cupido então desceu, discutir com mãe já é estranho
e com mãe-deusa, mais ainda.
Demorou pra achar o tal homem.
Procurou por todo canto e não achou ninguém.
O mundo é feito de beleza.
E cada um tem seu encanto.
Quando já quase desistia, a descoberta aconteceu.
O homem feio apareceu e ofuscou os olhos do menino.
Cupido atrapalhado entre susto, flecha e arco,
deu a flechada ao contrário e atingiu o próprio braço.
Foi assim que ele achou o seu amor verdadeiro.
Aquela moça esquisita que só pensava em beleza era tudo o que ele queria.
Desde esse dia, Cupido anda nos céus procurando a sua namorada, que não quer ser amada.
Ele não vê mais ninguém.
A mãe se arrepende de ter desejado a maldade, mas não há feitiço que apague a flechada do seu filho.
Enquanto o menino reclama da sua solidão sem fim,
a pomba, de cima de um fio de luz, murmura:
— Ai, ai,,ai de mim.
Ai, ai, ai de mim.
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